Prezado (a) leitor (a), eis que surge 2014, um novo ano, um novo tempo que se abre na vida de todos nós. Acolhamos, pois, este novo ano como mais um presente vindo das mãos do Criador.
Transcorre durante este mês de janeiro, na maioria das instituições de ensino do Brasil, o período merecido de férias para os educadores e os estudantes.
O BLOG PROF. STEFAN - LÍNGUA PORTUGUESA - COMENTÁRIOS apresenta a sua primeira publicação anual ao (à) internauta leitor (a), tratando da incômoda presença de um problema freqüente na comunicação diária de diversas pessoas.
Tal problema é o uso excessivo de locuções verbais construídas com o gerúndio, conhecido de forma pejorativa como gerundismo.
O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa informa que o vocábulo gerúndio entrou em nosso idioma no ano de 1536. As gramáticas esclarecem que juntamente com o infinitivo e o particípio, o gerúndio compõe as formas nominais do verbo. Denominam-se formas nominais porque, além do valor verbal, podem ter a função de nomes (substantivo, adjetivo e advérbio).
Ele é formado pelo sufixo -ndo (exemplos: cantando, vendendo, partindo) e funciona como adjetivo ou advérbio. Exemplos: Vi a menina chorando (função de adjetivo). / Estudando (função de advérbio), venceremos o vestibular. Além disso, o gerúndio ajuda a expressar o aspecto ou a duração da ação: estar falando, ir andando.
É justamente nesta última função, que envolve a formação de locuções verbais, que o gerúndio pode se transformar num sério e desagradável problema na comunicação. Aliás, ele nem deveria ser empregado em determinadas construções frasais constituídas de locuções verbais. Porém, aparece de maneira errada e indevida.
Caro (a) leitor (a), você, com certeza, já ouviu, pessoalmente ou através de ligação telefônica, indivíduos se expressando com as frases seguintes:
_ O senhor pode estar respondendo a algumas questões?
_ Vamos estar gravando a conversa.
_ Nossa empresa vai estar confirmando os dados.
_ O senhor pode estar pagando em boleto.
Quem as pronuncia, muitas das vezes, acredita piamente que está utilizando um português correto e, inclusive, elegante. Mas, na verdade, utiliza um português incorreto, complicado e, ainda, desagradável aos ouvidos.
Então, leitor (a), como ficariam no português culto as frases citadas acima? Da seguinte forma, observe:
_ O senhor pode responder a algumas perguntas?
_ Vamos gravar a conversa.
_ Nossa empresa vai confirmar os dados.
_ O senhor pode pagar em boleto.
Simplesmente é necessário eliminar o verbo estar e colocar o verbo principal no infinitivo ao invés de usá-lo no gerúndio. Portanto, o uso correto da locução verbal é: verbo auxiliar + infinitivo, como está em destaque nas frases.
Observe agora alguns outros exemplos desse uso inadequado retirado de situações de comunicação do dia-a-dia. Gostaria de que você, leitor (a), corrigisse, por escrito ou mentalmente, para verificar se aprendeu a eliminar o problema do gerundismo.
1. Conversa entre um motorista de táxi e um passageiro: "Agora o senhor vai ter que estar me dizendo em que rua vou ter que estar entrando."
2. Atendente de telemarketing falando com um cliente: "Então, senhor, vou estar agendando um horário pra um técnico estar visitando o senhor para que ele possa estar instalando o telefone."
3. Diálogo entre compradora e vendedor de loja:
"_ Vocês têm televisor de tela plana?
_ Não vou estar tendo, senhora!"
À medida que o gerundismo se dissemina cada vez mais na língua portuguesa falada atualmente no Brasil, os movimentos contrários a ele vêm surgindo na mesma proporção. Numa pesquisa realizada há pouco tempo no programa de busca Google, foram localizadas mais de 500 mil páginas sobre gerundismo e gerúndio. Esse número é surpreendente!
Amigo (a) leitor (a), 2014 está apenas iniciando. Continue conectado (a) a este blog recentemente reinaugurado, uma fonte segura de conhecimentos lingüísticos. Um feliz e próspero ano novo!