sábado, 3 de setembro de 2016

Ano VI - número 70 - setembro/2016: O Acordo Ortográfico e sua polêmica (VIII)

         Prezado (a) leitor (a), prosseguimos, na presente publicação, com o tema da reforma ortográfica, pois a nova ortografia se tornou obrigatória em janeiro deste ano. Neste mês, trataremos sobre o Acordo Ortográfico e sua polêmica.
         Esse Acordo de unificação ortográfica, embora esteja sendo discutido agora, na verdade, possui suas raízes no início da década de 1990. O Acordo, desde aquela época, pretende a unificação da ortografia da língua portuguesa, e não da língua portuguesa. A língua é uma coisa viva, em constante mutação, que varia de acordo com a província, com os enunciados e necessidades dos falantes. E unificar a ortografia, diga-se de passagem, jamais foi tarefa fácil, mas é possível.
         Os países lusófonos decidiram unificar as formas de grafar os vocábulos que são grafados de maneira diferente em cada localidade. Somente foi alterado aquilo que diferia muito nas grafias e que não alteraria por demais a relação dos falantes com a língua portuguesa.
         Por isso, não é correto o argumento em que se afirma que não é uma unificação de verdade porque permite duas grafias, uma vez que elas passam a ser consideradas oficiais e o valor de ambas é unificado.
         Em termos reais, é muito difícil afirmar o número de palavras alteradas porque é impossível quantificar as palavras de um idioma. Os portugueses não admitem o Acordo porque desejam preservar a pureza da língua.
         Entretanto, o português falado no Brasil é muito mais parecido com o português que se falava no século XVI. Conclui-se que aqui o português é mais antigo e, portanto, a pureza é mais preservada por nós do que por eles. 
         Com o Acordo de unificação ortográfica, a legitimidade da língua estará com todos os países lusófonos, e não apenas com Portugal.
         Outra afirmação incorreta é a de que, com a retirada de alguns acentos, a reforma pretende tornar o português um idioma  mais jovem, mais moderno e mais próximo da língua utilizada pelos jovens nas redes sociais. Ora, quando o Acordo foi proposto, a Internet era muito pouco difundida e a inspiração não era essa. Não foi tal descompromisso dos jovens com as regras gramaticais que norteou o Acordo.
         A próxima publicação do Blog estará voltada aos mestres, no mês que lhes é dedicado. Oportunamente, retornaremos ao tema do Acordo Ortográfico e sua polêmica.