quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Ano VII - número 83 - outubro/2017: Novo ensino médio?

         Prezado (a) leitor (a), estamos novamente em outubro. Esse mês destaca, no dia 15, a data comemorativa do professor. Este Blog de comentários, interrompendo suas publicações habituais, enfatiza um assunto que atualmente repercute entre professores e estudantes do Brasil: a polêmica reforma do ensino médio, que nos próximos anos será implantada gradativamente. Tal reforma se insere perfeitamente no tema da preocupante situação da educação brasileira. Reproduziremos alguns dos principais trechos do artigo da professora Silvia Contaldo, extraído da revista PUC Minas, que trata do assunto.
"Novo ensino médio. Quem conhece aprova." Esse é o mote da campanha veiculada pelo Ministério da Educação para divulgação das mudanças na estrutura e na composição de um novo ensino médio. No entanto, parece não haver novidade. Permitindo-nos a contradição de termos, a novidade em questão já nasce velha. Trata-se de ato sumário do atual Poder Executivo, que prescindiu da arte de partejar mediante o diálogo e o empenho coletivo para que o novo fosse o melhor possível. Mas, ao contrário, disfarçando a realidade, pretende-se apresentar aos jovens 'a roupa nova do rei', cujo modelo pré-concebido e pré-determinado é ilusório. Está dito, dentre outros equívocos, que os jovens terão liberdade para escolher o que quiserem estudar. Se liberdade de escolha for a opção entre áreas de estudo hierarquizadas e disponibilizadas segundo os ditames do mercado, melhor seria renunciar à palavra liberdade. Mais uma vez a educação escolar fica submetida ao jugo de razões econômicas e serve de palanque para vozes que nada têm de novo para dizer. Reiteram velhas dicotomias _ entre a prática e a teoria, entre as 'exatas' e as 'humanas', entre a vocação e a profissão, e insistem na divisão disciplinar, já ultrapassada e disfarçada em 'percurso formativo'. Não cabe falar em 'novo ensino médio' se sequer cumprimos o ideal de Anísio Teixeira: "Educação não é privilégio." Os jovens que deveriam cursar o ensino médio estão, cada vez mais, fora da escola e seria uma aberração pedagógica pensar que esses jovens sentir-se-ão atraídos por um 'novo' ensino médio. Não há novo nem velho. Há descaso histórico com a educação, com as escolas para os jovens, com o projeto de vida desses futuros cidadãos. A escola não é uma ilha, fora do tecido social. Ela se faz nessa tessitura e, ao mesmo tempo, contra ela. É lugar de fortalecimento interior, de aperfeiçoamento e amadurecimento e não será com rearranjo de disciplinas ou com aumento de carga horária que os jovens se sentirão parte desse mundo."
****PROFESSOR (A), PARABÉNS PELO SEU DIA!****