quinta-feira, 7 de maio de 2015

Ano V - número 54 - maio/2015: Novos ataques perpetrados contra a língua portuguesa (I)

         Caro (a) leitor (a), neste mês, vamos tratar de um assunto bastante polêmico e que já tem causado celeuma entre os estudiosos da nossa língua materna.
         Se o Acordo Ortográfico que, mesmo não sendo em caráter obrigatório, começou a ser utilizado em 2009, ainda é controverso, uma nova investida está sendo feita contra a língua portuguesa.
      O mais grave é que tal investida está sendo protagonizada por uma comissão do Senado Federal. Ou seja, novamente se trata de uma manipulação política com objetivos escusos e alheios aos benefícios do idioma, que não serão respeitados.
         Como se não bastassem as modificações absurdas e ridículas impostas pela mais recente reforma ortográfica (retirada dos acentos agudo e circunflexo de determinadas palavras e do trema em praticamente todas elas, por exemplo), eis que uma nova proposta, ainda mais ousada e radical, está sendo elaborada pela Comissão da Educação do Senado, em Brasília.
         A esta altura da leitura do comentário, você, leitor (a), deve estar se perguntando: "Mas, que espécie de competência e autoridade possuem a respeito disso os senadores da república?"
         E a resposta criteriosa vem logo em seguida: "Na verdade, absolutamente nenhuma." Como se não fossem suficientes os escândalos de corrupção que espalham de forma avassaladora pelo país, os senadores ainda têm a petulância de invadir o âmbito lingüístico. 
         Para tentar justificar esses desmandos, a comissão convocou dois especialistas como mercenários para coordenar o grupo técnico. Com certeza, esses dois que são tidos como especialistas foram contratados por um cachê altíssimo para se venderem e desempenharem a função que lhes foi proposta. São eles: Pasquale Cipro Neto, conhecido professor de português, fabricado pela mídia, mais especificamente, pela TV Cultura de São Paulo, e Ernani Pimentel, outro professor, que comanda um site de ortografia na Internet e que fomenta um movimento para "substituir o decorar pelo entender".
         O presidente da comissão é Cyro Miranda, senador do PSDB/GO. Ele afirmou que, além de reduzir o número de regras e exceções na língua, o objetivo da comissão é expandir o debate com a comunidade, especialistas e países que falam o português. Afirmou também que foi solicitado o adiamento do prazo de obrigatoriedade da atual reforma ortográfica justamente para a montagem dessa comissão com a intenção colocada em primeiro plano de simplificar a ortografia.
        Leitor (a), veja que absurdo: postergar a obrigatoriedade de uma reforma ortográfica polêmica com o intuito de acrescentar outras regras ousadas e radicais.
         Tal conjunto de regras foi apresentado entre os dias 10 e 12 de setembro de 2014, durante o Simpósio Internacional Lingüístico-Ortográfico da Língua Portuguesa, realizado em Brasília.
        Conforme o referido senador, a intenção é ter a versão final do projeto acabada neste mês corrente para que seja colocada em votação e possa entrar em vigor no início de 2016.
         Como se observa claramente, estão querendo fazer tudo às pressas e com forte imposição.
         Na seqüência, conheça as regras propostas pela Comissão da Educação, com alguns exemplos:
1- Fim do H no início da palavra: Homem - Omem; Hotel - Otel; Hoje - Oje; Humor - Umor;
2- G fica com som de "gue": Guerra - Gerra; Guitarra - Gitarra;
3- CH substituído por X: Chá - Xá; Flecha - Flexa;
4- S com som de Z vira Z: Asa - Aza; Brasília - Brazília; Base - Baze;
5- X com som de Z vira Z: Exame - Ezame; Executar - Ezecutar; 
6- C antes de E e I vira S: Censura - Sensura; Cedo - Sedo; Cidade - Sidade; 
7- SS vira S: Gesso - Geso; Fossa - Fosa;
8- SC antes de E e I vira S: Nascer - Naser;
9- XC com som de S vira S: Exceto - Eseto; Excêntrico - Esêntrico.
         Na próxima publicação, você, assíduo (a) leitor (a) deste blog, terá oportunidade de ler comentários abalizados e pareceres críticos a respeito dessas novas regras propostas e do momento inglório por que a nossa língua está passando novamente. Até o próximo mês!  

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