quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Ano V - número 57 - agosto/2015: Novos ataques perpetrados contra a língua portuguesa (IV)

         Caro leitor, cara leitora, prosseguimos, na presente publicação, com as explanações e comentários a respeito das alterações ortográficas que estão sendo pretendidas no Brasil e que vêm causando polêmica.
         Recordemos os verdadeiros valores que as letras s, c e x e os dígrafos ss e sc têm em nosso idioma:
1) Emprego da letra S:
Emprega-se a letra s:
a) depois de ditongos: Cleusa, coisa, faisão, lousa, maisena, mausoléu;
b) nos adjetivos terminados pelo sufixo -oso (a), indicador de 'estado pleno', 'abundância': cheiroso (a), dengoso (a), gasoso (a), horroroso (a);
c) nos adjetivos terminados pelo sufixo -ense, indicador de 'relação', 'procedência', 'origem': canadense, fluminense, palmeirense, rio-grandense;
d) nos sufixos -ês, -esa, -isa, indicadores de 'título de nobreza', 'origem', 'profissão': baronesa, burguês, burguesa, camponês, camponesa, duquesa, francês, francesa, holandês, holandesa, marquês, marquesa, poetisa, profetisa, sacerdotisa;
e) nas formas conjugadas dos verbos pôr e querer: pus, puser, pusesse, quis, quiser, quiséssemos;
f) nas palavras derivadas de outras primitivas grafadas com s: análise: analisado, analisar; atrás: atrasado, atrasar; casa: casarão, casebre, casinha; pesquisa: pesquisado, pesquisar. Exceção: catequizar, derivado de catequese;
g) nas seguintes correlações: nd - ns: ascender: ascensão, ascenso; expandir: expansão, expansivo; pretender: pretender, pretenso; suspender: suspensão, suspensivo; pel - puls: expelir: expulsão, expulso; impelir: impulsão, impulsivo, impulso; repelir: repulsão, repulsivo.
Obs.: o s entre duas vogais tem sempre som da letra z em zebra: casa, mesa etc.; o s inicial tem sempre som de ss: sílaba, sapato etc.
2) Emprego da letra C:
A letra c pode representar dois fonemas: 
a) antes de a, o e u, tem som de k: casa, colete, curioso;
b) antes de e e i, tem som de ss: cela, cínico.
Obs.: veja a correlação entre palavras primitivas e derivadas: branco - branquinho; Casa Branca - casabranquense; casca - casquinha. Nesses casos, houve alteração na grafia, mas não no som. Para manter o som de k antes de e e i, troca-se o e pelo dígrafo qu.
3) Emprego da letra X:
Emprega-se a letra x:
a) normalmente depois de ditongo: ameixa, caixa, faixa, peixe.
Obs.: escrevem-se com ch: caucho, recauchutagem, recauchutar.
b) em palavras de origem tupi ou africana: abacaxi, caxambu, orixá, xangô, xará, xavante;
c) depois da sílaba inicial en-: enxada, enxame, enxaqueca, enxoval. Exceções: enchova (variante de anchova); encher (e derivados): enchimento, preencher etc.; o prefixo en- juntando-se a radical iniciado por ch: encharcado, encharcar (de charco); enchumaçado, enchumaçar (de chumaço);
d) depois da sílaba inicial me-: mexer, mexerica, mexicano, mexilhão. Mecha (de cabelo, de balão) escreve-se com ch; neste caso, porém, o e da sílaba tônica é aberto.
         Na próxima publicação, concluiremos o tema referente às alterações ortográficas causadoras de celeuma no âmbito lingüístico brasileiro. Até o próximo mês!                       

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