terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Ano V - número 50 - janeiro/2015: Forma, grafia e significado de palavras e expressões (IV)

        Estimado (a) leitor (a), 2015, novo ano e novo tempo despontam em nossa existência como bênção do Criador. E, neste primeiro mês, abre-se, nas instituições de ensino, o costumeiro período de férias para professores e estudantes.
         Retomamos, nesta publicação e, posteriormente, nas seguintes, a abordagem sobre as palavras e expressões idiomáticas que podem trazer dúvida na sua utilização.
11- "Senão" e "se não": Como diferenciar o uso?
 Senão equivale a "caso contrário" ou "a não ser": É bom que ele colabore, senão não haverá como ajudá-lo. / Não fazia coisa alguma senão discutir. Se não aparece em orações subordinadas condicionais. Equivale a "caso não": Se não houver aula, iremos ao cinema.
12- "Na medida em que" e "à medida que" são expressões com usos diversos. Correto?
Exatamente. Na medida em que exprime uma relação de causa, equivalendo a "porque", "já que", "uma vez que": Na medida em que os projetos foram abandonados, a população menos favorecida ficou entregue à própria sorte. À medida que dá idéia de proporção, desenvolvimento simultâneo e gradual, equivalendo a "à proporção que": A ansiedade aumentava à medida que o prazo ia terminando.
13- "Que" e "quê": Em quais situações utilizar?
Observe bem: que, dependendo do contexto, pode ser pronome, conjunção, advérbio ou partícula expletiva. Sendo monossílabo átono, não é acentuado: (O) Que você deseja? / Você me pergunta (o) que farei. / Que bela atitude! / Convém que o assunto seja discutido hoje. / Quase que me esqueço desse detalhe.quê constitui um monossílabo tônico e, por isso, leva acento. Ocorre quando um pronome se localiza no final da frase, imediatamente antes de um ponto (final, de interrogação ou de exclamação) ou de reticências, ou quando quê é um substantivo (com o sentido de "alguma coisa" ou "certa coisa") ou uma interjeição (indicando surpresa, espanto): Afinal, você compareceu aqui para fazer o quê? / Você necessita de quê? / Existe um quê suspeito em sua atitude. / Quê! Você conseguiu chegar mais cedo?!
14- "Por que", "por quê", "porque", "porquê". Como empregar corretamente cada um deles?
Na próxima publicação do blog, esclareceremos detalhadamente a respeito.
         O ano de 2015, apenas iniciando, será repleto de conhecimentos de nossa língua para o (a) assíduo (a) internauta leitor (a) deste blog. Próspero ano novo e proveitoso período de férias!         

sábado, 29 de novembro de 2014

Ano V - número 49 - dezembro/2014 - * edição especial * : Quarto aniversário e um ano de reinauguração

         Prezado leitor, cara leitora, em sua constante e fiel companhia, o BLOG PROF. STEFAN - LÍNGUA PORTUGUESA - COMENTÁRIOS celebra, neste mês, com imenso regozijo, o primeiro ano de sua reinauguração. Ao mesmo tempo, recorda com grata satisfação os seus primórdios, quando era designado BLOG PROF. STEFAN - LÍNGUA PORTUGUESA, e comemora o seu quarto aniversário.
         Neste clima festivo, visando ao sempre crescente conhecimento do (a) internauta leitor (a) deste blog no que se refere ao nosso idioma materno, apresento um texto que trata da história da língua portuguesa no Brasil. Convido-o (a) a ler com muita atenção.
         O Brasil foi descoberto por Portugal no ano de 1500 e, desde então, com a grande presença dos portugueses nos territórios brasileiros, a língua portuguesa foi se enraizando, enquanto as línguas indígenas foram aos poucos desaparecendo. Uma delas, talvez a que mais influenciou o atual português falado no Brasil, era o tupinambá ou tupi-guarani, falado pelos índios que habitavam o litoral. Esta língua foi a primeira utilizada como língua geral na colônia, ao lado do português, pois os padres jesuítas vieram para catequizar os índios, estudaram e acabaram difundindo a língua.
         No ano de 1757, uma Provisão Real proibiu a utilização do tupi, época esta em que o português já suplantava essa língua, ficando ele, o português, com o título de idioma oficial. Em 1759, os jesuítas foram expulsos e, a partir de então, a língua portuguesa se tornou definitivamente a língua oficial do Brasil.
         A língua portuguesa falada no Brasil herdou, no entanto, um vasto vocabulário das línguas indígenas, principalmente no que diz respeito às denominações da fauna, flora e demais palavras relacionadas à natureza.
         Os portugueses trouxeram, então, muitos escravos capturados na África para trabalhar nas terras brasileiras, e estes vieram falando diversos dialetos, os quais contribuíram para a construção da nossa língua. Muito do que temos hoje foi herdado das línguas africanas, bem como itens culturais que vieram junto com os escravos e aqui se instalaram.
         Deste modo, a língua portuguesa falada no Brasil foi se distanciando da língua portuguesa falada em Portugal, pois enquanto aqui a língua recebia as influências dos índios (nativos) e dos imigrantes africanos, em Portugal, a língua recebia influência do francês, principalmente devido à cultura, educação etc., que na época eram prestigiadas na França.
         Quando a família real veio para o Brasil, entre 1808 e 1821, as duas línguas novamente se aproximaram, pois devido à grande quantidade de portugueses nas grandes cidades, a língua foi sofrendo novamente a influência dos mesmos e se parecendo com a língua-mãe.
         O português brasileiro sofreu ainda influências dos espanhóis, holandeses e demais países europeus que invadiram o Brasil após a independência (1822). Isso explica o porquê de algumas diferenças de vocabulário e/ou sotaque existentes entre algumas regiões do Brasil.
         Com a influência do Romantismo (movimento artístico-literário que aconteceu no início do século XIX), a literatura produzida no Brasil se intensificou, e a língua portuguesa falada no Brasil foi se encorpando e ganhando uma nova forma, diferenciando-se ainda mais da língua portuguesa falada em Portugal. Foi despertado no país o individualismo e o nacionalismo através da literatura, além da realidade política que impulsionava o país a se distanciar e diferenciar ainda mais de Portugal.
         A normatização da língua foi como que consagrada pelo movimento modernista de 1922, que trouxe como crítica a valorização excessiva que ainda se dava à cultura européia e motivou o povo a valorizar sua própria língua como "brasileira".
         Recentemente tivemos uma reforma ortográfica, implantada no ano de 2009, a partir de um acordo feito entre os países que têm como idioma oficial a língua portuguesa. Algumas regras de escrita que diferenciavam a norma foram modificadas, deixando-a unificada. A oralidade, porém, continua mantendo consideráveis distinções. (Extraído e adaptado de www.infoescola.com)
         Concluo, augurando a todos os internautas leitores deste blog um excelente final de ano e abençoado Natal!  

sábado, 1 de novembro de 2014

Ano IV - número 48 - novembro/2014: Forma, grafia e significado de palavras e expressões (III)

         Estimado (a) leitor (a), após uma breve pausa, prosseguimos, neste mês, abordando sobre as palavras e expressões de nosso idioma.
8- Como deve ser aplicado o uso de "acerca de" e "há cerca de"?
Veja bem a distinção: acerca de significa "sobre", "a respeito de": Haverá uma palestra acerca das conseqüências das queimadas. Há cerca de indica um período aproximado de tempo já transcorrido: Os primeiros colonizadores apareceram há cerca de quinhentos anos.
9- E quanto a "afim" e "a fim"? Junto ou separado?
É preciso saber diferenciar: Afim é adjetivo e significa "igual", "semelhante". Relaciona-se com a idéia de afinidade: Tiveram opiniões afins durante o trabalho. / São espíritos afins. A fim aparece na locução a fim de, que significa "para" e indica uma idéia de finalidade: Trouxe alguns chocolates a fim de nos agradar.
10- Há dúvida também em "demais" e "de mais". Junto ou separado?
É muito comum utilizar somente a primeira forma. Demais pode ser advérbio de intensidade com o sentido de "muito", intensificando verbos, adjetivos ou outros advérbios: Aborreceram-nos demais: isso nos deixou indignados demais. / Estou até bem demais! Demais também pode ser pronome indefinido, equivalendo a "outros", "restantes": Não coma todo o bolo! Deixe um pouco para os demais. de mais se opõe a de menos. Refere-se sempre a um substantivo ou pronome: Não vejo nada de mais em sua atitude! / O concurso foi suspenso porque surgiram candidatos de mais.
         O mês de dezembro traz à lembrança os primórdios deste blog. Portanto, a próxima publicação será especial, em comemoração alusiva ao seu quarto aniversário. Internautas leitores (as), até a próxima publicação! 
    
 

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Ano IV - número 47 - outubro/2014: Retrato real da situação do professor brasileiro

         Caro (a) leitor (a), o mês de outubro sempre traz à nossa memória a expressiva figura do mestre por causa de sua data alusiva, no dia 15. Todos que freqüentaram a escola e a universidade e concluíram os seus estudos são devedores de gratidão a esse profissional, cuja função está no fundamento e sustém todas as funções e profissões da sociedade.
         Entretanto, a realidade por que atravessa o professor brasileiro na atual conjuntura é gravíssima e sombria. Nas linhas seguintes, uma radiografia da sua situação que serve de alerta e apelo ao poder público e à sociedade para a urgente transformação dessa triste realidade.
         Todos sabemos que, há muitos anos, a educação no Brasil passa por uma crise seriíssima. Muitos, sobretudo os governantes, atribuem a baixa qualidade do ensino à deficiência do professor. Porém, as verdadeiras causas são outras.
         Há todo um contexto que justifica o desempenho pouco eficiente do trabalho do professor. Ei-lo:
- exaustão pela sobrecarga de atividades que a função requer; o excesso de tarefas causa esgotamento físico e intelectual;
- sistema de ensino extremamente burocrático adotado no Brasil, fazendo com que o professor fique repleto de um arsenal de burocracias: diários de classe, planos de aula, fichas avaliativas, formulários, entre outros; além disso, a quantidade imensa de trabalho levada para ser cumprida em casa: elaboração de provas, trabalhos, correções, projetos etc.;
- enfrentamento do problema da indisciplina escolar na maioria das escolas brasileiras, com excesso de conversa, baderna e uso indevido e abusivo de aparelhos eletrônicos;
- baixo salário, cuja defasagem é incompatível com tanto trabalho realizado fora da escola em finais de semana e feriados;
- diversos tipos de violência infligidos ao professor em sala de aula: violência verbal ou assédio moral, violência moral; pressões e perseguições por parte da coordenação por melhorias de notas.
         Portanto, esse conjunto de situações influencia grandemente na qualidade de vida e no trabalho do docente. É comum milhares e milhares de professores adquirirem, com o tempo, todos os tipos de doenças relacionadas ao estresse e à depressão.
         Concluindo, antes de culpar o professor, é preciso verificar e muito bem o que provoca as suas limitações profissionais. PROFESSOR (A), PARABÉNS PELO SEU DIA!

domingo, 31 de agosto de 2014

Ano IV - número 46 - setembro/2014: Forma, grafia e significado de palavras e expressões (II)

         Caro (a) leitor (a), no intuito de auxiliá-lo (a) nas suas dúvidas, que podem surgir em qualquer momento, este blog está dedicando diversas publicações, explanando e comentando a respeito das palavras e expressões da língua portuguesa.

4- Mal/mau: dupla de palavras que causam dúvidas.

É preciso estar sempre atento (a) ao seguinte: Mal pode ser advérbio ou substantivo. Como advérbio, possui o significado de "irregularmente", "erradamente", "de forma inconveniente" e opõe-se a bem. Veja: Era previsível que ele se comportaria mal. Era evidente que ele estava mal-intencionado porque suas opiniões haviam repercutido mal na última reunião. Já como substantivo, mal pode significar "doença", "moléstia"; em certos casos, significa "aquilo que é nocivo e prejudicial". Observe os exemplos: A febre amarela é um mal que atormenta as populações pobres. / O mal é que não se toma nenhuma atitude. O substantivo mal pode designar também um conceito moral, vinculado à idéia de maldade. Com esse sentido, o vocábulo também se opõe a bem: O mal não compensa. Mau é adjetivo e significa "ruim", "de índole má", "de qualidade má". Opõe-se a bom e possui a forma feminina : Não é mau sujeito. / Trata-se de um mau administrador. / Tem um coração mau.

5- A expressão correta é "a par" ou "ao par"?

Existem as duas expressões. Depende do sentido e do contexto. A par tem o sentido de "bem-informado", "ciente": Mantenha-me a par de tudo o que ocorrer. / É fundamental manter-se a par das decisões tomadas. Ao par é utilizada para indicar relação de equivalência ou igualdade entre valores financeiros (geralmente em operações cambiais): As moedas fortes mantêm o câmbio praticamente ao par.

6- Freqüentemente, os usuários da língua utilizam "de encontro a" em vez de "ao encontro de".

Isso é fato. Observe a distinção: Ao encontro de indica "ser favorável a", "aproximar-se de": Sua posição veio ao encontro da minha. / Quando a viu, foi ao seu encontro e abraçou-a. De encontro a indica oposição, choque, colisão. Observe: Suas opiniões sempre vieram de encontro às minhas: pertencemos a mundos diferentes. / O trator foi de encontro ao muro, derrubando-o.

7- E na expressão de tempo? Será "a" ou "há"?

Veja bem para não confundir: O verbo haver é usado em expressões que indicam tempo decorrido: Os fatos ocorreram há vinte anos. Nesse sentido, corresponde ao verbo fazer: Tudo ocorreu faz vinte anos. A preposição a surge em expressões em que não é possível a substituição pelo verbo fazer: O lançamento do satélite acontecerá daqui a uma semana. / Eles partiriam dali a três horas.

         Oportunamente, este blog voltará a abordar sobre as palavras e expressões de nosso idioma com os devidos esclarecimentos que se fazem necessários. N       


sábado, 26 de julho de 2014

Ano IV - número 45 - agosto/2014: Forma, grafia e significado de palavras e expressões (I)

         Prezado (a) leitor (a), é sumamente necessário que você esteja preparado (a) e atento (a) na escrita e na fala, a fim de que as diversas palavras e expressões de nossa língua portuguesa não o (a) peguem desprevenido (a) e lhe causem dúvida quanto às suas respectivas formas, grafias e significados.
      Portanto, a partir desta publicação, você terá oportunidade de entrar em contato com tais palavras e expressões e esclarecer suas dúvidas com o objetivo de adquirir uma expressão correta e fluente de nosso idioma pátrio.
 1- É correta a expressão "festa julina"?
Ela é usada com freqüência, mas não deveria, porque não está correta. A festa recebeu o nome de junina, pois era chamada inicialmente de joanina, de São João. Trazida ainda no período colonial, a tradição de festejar o dia de São João veio de Portugal. "Junina" não se refere ao mês para poder designar "julina" a festa que ocorre em julho. Observe que as formas "agostina" e "setembrina" não são utilizadas. Por isso, em qualquer mês que ocorra, a festa deve ser chamada de "junina".
2- O uso de "onde" e "aonde" é confuso para os que não conhecem as regras corretas.
Isso é verdade. Infelizmente, hoje em dia, essas palavras são usadas, indistintamente e sem discernimento, enquanto as regras a respeito delas são bem claras. A tendência é considerar a seguinte distinção: aonde indica idéia de movimento ou aproximação, opondo-se a donde, que exprime afastamento. Costuma referir-se a verbos de movimento: Aonde você vai? / Aonde querem chegar com essas insinuações? / Aonde devo me dirigir para conseguir auxílio? Onde  indica o lugar em que se está ou em que se passa algum fato. Geralmente se refere a verbos que exprimem estado ou permanência: Onde está você? / Onde você ficará nas férias? / Não sei onde começar a procurar.
3- Os vocábulos "mas" e "mais" são distintos.
Sim. São distintos na sua grafia e significado e são formas diferentes no seu emprego peculiar. Observe: mas é uma conjunção coordenativa adversativa, que equivale a porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto: Não conseguiu, mas tentou. Mais é pronome ou advérbio de intensidade, opondo-se normalmente a menos: Ele foi quem mais tentou. / É um dos países mais miseráveis do mundo.
         Com certeza, os esclarecimentos sobre as palavras e expressões de nossa língua estão sendo úteis e de grande valia para você, internauta leitor (a). No próximo mês, daremos continuidade. Até a próxima publicação!  

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Ano IV - número 44 - julho/2014: Outros exercícios de aperfeiçoamento do vocabulário

          Internauta leitor (a), o ano de 2014 chega a sua metade, e o mês de julho surge, trazendo o habitual recesso rápido nas instituições de ensino do Brasil.

          Após as explanações relativas à amplificação, vamos concluir a série de publicações sobre o vocabulário, iniciada em fevereiro. E concluímos, apresentando outros exercícios que podem ser realizados no intuito de aprimorar o vocabulário do estudante:

1- série de definições diversas para a escolha daquela que se ajuste a determinada palavra a elas colocada;         

 2- adaptação de textos com interpolação* de sinônimos para escolha; (* intercalação em uma obra de palavras ou frases que não pertencem ao texto original)

3- lista de coisas ou seres (sugeridos por situação real) de forma ou aparência inconfundível para caracterização concreta (exercícios de adjetivação);

4- caracterização de ações, gestos, atitudes, movimentos, em exercício do tipo "o pêndulo (oscila)", juntando-se ou não lista de verbos para escolha;

5- texto medíocre ou mediocrizado para aprimoramento do vocabulário;

6- ruptura de clichês (substituição de clichês, frases-feitas, metáforas surradas, lugares-comuns fraseológicos);

7- busca ou escolha de impressões despertadas pela experiência de uma situação concreta, e procura das palavras adequadas a sua expressão;

8- definições claras e resumidas que permitam a identificação do termo a que se referem;

9- definições denotativas de determinados termos e sua conversão em conotativas ou metafóricas;

10- derivação e cognatismo (exercícios sobre famílias etimológicas);

11- redação de períodos ou parágrafos curtos a partir de dados iniciais que sugiram situação real (descrição de ambientes, paisagens, pessoas, narrações de incidentes etc.);

12- exercícios de substituição, escolha ou preenchimento de lacunas dentro de determinada área semântica;

13- leitura extraclasse e exigência de anotação à margem dos vocábulos desconhecidos; classificação desses vocábulos quanto ao sentido (concreto ou específico, geral ou abstrato, denotativo ou conotativo);

14- mudança do torneio de frases (modos de afirmar, de negar, de pedir, de ordenar, de indicar as circunstâncias etc.).

         Durante os últimos seis meses, o objetivo principal foi fornecer um acervo léxico, ainda que limitado, para as necessidades básicas da comunicação em linguagem escrita ou falada. Na próxima publicação, iniciaremos uma nova série de comentários de suma importância para o enriquecimento lingüístico do (a) leitor (a) deste blog. Bom período de recesso!  



                

sábado, 31 de maio de 2014

Ano IV - número 43 - junho/2014: Exercícios úteis para aperfeiçoar o vocabulário: a amplificação - 2ª. parte

         Assíduo (a) leitor (a), mais uma publicação do blog de comentários lingüísticos é apresentada para a sua leitura e estudo. Neste mês, vamos encerrar o exercício da amplificação, com exemplos de textos em prosa.
         Muitos parágrafos são verdadeiras amplificações realizadas por meio de exemplos, ilustrações, confrontos, analogias, comparações e metáforas. Contudo, o parágrafo se diferencia da amplificação porque inclui idéias secundárias de ordem diversa da idéia-núcleo. Os dois exemplos de parágrafos que seguem constituem amplificações. Neles desenvolve-se a mesma idéia-núcleo de "pátria". Observe:
         A pátria não é ninguém, são todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à idéia, à palavra, à associação. A pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo; é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. Os que a servem são os que não invejam, os que não inflamam, os que não conspiram, os quenão sublevam, os que não delatam, os que não emudecem, os que não se acovardam, mas resistem, mas esforçam, mas pacificam, mas discutem, mas praticam a justiça, a admiração, o entusiasmo.  (Rui Barbosa)
              A pátria não é a terra; não é o bosque, o rio, o vale, a montanha, a árvore, a bonina; são-no os atos, que esses objetos nos recordam na história da vida; é a oração ensinada a balbuciar por nossa mãe, a língua em que, pela primeira vez, ela nos disse: _ Meu filho!  (A. Herculano)
         Porém, a verdadeira amplificação, no sentido empregado pelos antigos, sobretudo é aquela que observamos na poesia bíblica. Por influência do estilo hebraico, é aquela que é feita, preferencialmente, por definições sinonímicas, com o objetivo de retirar interpretações equívocas, de enfatizar o exato sentido, de provar a veracidade de uma declaração. Várias amplificações são, por conta disso, expressões redundantes de uma mesma idéia. Veja:
         Senhor, ouve a minha oração, e chegue a ti o meu clamor. Não apartes o teu rosto de mim. Em qualquer dia em que me achar atribulado, inclina para mim o teu ouvido. Em qualquer dia em que te invocar, ouve-me prontamente.  (Salmo 101, 2-3)
           A amplificação inábil, isto é, do tipo daquelas ouvidas da boca de oradores com pouca imaginação, mas muito loquazes, degenera em pura tautologia (repetição inútil de uma mesma idéia em termos diferentes), pecado em que incorrem com freqüência mesmo os melhores escritores. Rui Barbosa, por exemplo, apesar da sua exuberante imaginação, ou por causa disso, dá mostras de deliciar-se ao praticar amplificações tautológicas ou redundantes. Confira:
          O sertão não conhece o mar. O mar não conhece o sertão. Não se tocam. Não se vêem. Não se buscam.
            Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente.
             Devemos fugir da tentação de pegar a mesma idéia e repeti-la revestida de diferentes formas, pelo simples prazer de jogar com palavras que nada acrescentam ao que já foi falado. Essa é a característica pertencente ao estilo prolixo, em que a amplificação termina por redundar em mero encadeamento de sinônimos.
              Na próxima publicação, principalmente para os estudantes, o blog veiculará uma lista de outros exercícios igualmente válidos no intuito de melhorar o seu vocabulário. Até o próximo mês! 

         

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Ano IV- número 42 - maio/2014: Exercícios úteis para aperfeiçoar o vocabulário: a amplificação - 1ª. parte

                Prezado (a) leitor (a), neste mês, prosseguimos com os exercícios de aperfeiçoamento do vocabulário, detendo-nos exclusivamente no exercício da amplificação.

         Ela consiste no desenvolvimento de uma idéia por meio de palavras diferentes e diferentes torneios da frase. O processo mais usado consiste em definições, metáforas sinonímicas, antíteses e comparações. Observe o exemplo que segue:

  1. A vida é o dia de hoje,
  2. A vida é o ai que mal soa,
  3. A vida é nuvem que voa.
  4. A vida é sonho tão leve,
  5. Que se desfaz como a neve
  6. E como o fumo se esvai.
  7. A vida dura um momento,
  8. Mais leve que o pensamento,
  9. A vida, leva-a o vento,
  10. A vida é folha que cai!
  11. A vida é flor na corrente,
  12. A vida é sopro suave,
  13. A vida é estrela cadente,
  14. Voa mais leve que a ave.
  15. Nuvem que o vento nos mares,
  16. Uma após outra lançou,
  17. A vida _ pena caída
  18. Da asa de ave ferida _
  19. De vale em vale impelida,
  20. A vida, o vento a levou.
         Nesse exemplo de João de Deus, a amplificação se faz por meio de uma série de metáforas de "vida" e mais duas ou três comparações.

         Outro exemplo de amplificação breve está contido na "Canção do Tamoio", de Gonçalves Dias. Observe:

  1. Não chores, meu filho;
  2. Não chores, que a vida
  3. É luta renhida:
  4. Viver é lutar
  5. A vida é combate,
  6. Que os fracos abate,
  7. Que os fortes, os bravos,
  8. Só pode exaltar.
         A idéia de "amor" recebe amplificação no célebre soneto de Camões, "Amor é fogo que arde sem se ver". Também há amplificação na primeira estrofe de outro soneto dele:

  1. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, 
  2. Muda-se o ser, muda-se a confiança;
  3. Todo o mundo é composto de mudanças,
  4. Tomando sempre novas qualidades.
         Na próxima publicação, prosseguiremos com a amplificação, apresentando exemplos de textos em prosa. Portanto, até o próximo mês!  

domingo, 30 de março de 2014

Ano IV - número 41 - abril/2014: Exercícios úteis para aperfeiçoar o vocabulário

         Nesta publicação, prosseguimos, abordando sobre os exercícios práticos de aperfeiçoamento do vocabulário. E, para melhor compreensão a respeito da paráfrase, apresentamos o exemplo seguinte, que se trata de uma cantiga de amor de um trovador do século XII, Joan Garcia de Guilhade (literatura portuguesa).

Amigos, non poss'eu negar
a gran coyta que d'amor ey,
ca me vejo sandeu andar
e con sandece o direy

                   Os olhos verdes que eu vi
                   me fazen ora andar assi.

Pero quen quer x'entenderá
aquestes olhos quaes son,
e d'est'alguen se queyxará;
mays eu já quer moira quer non:

                    Os olhos verdes que eu vi
                    me fazen ora andar assi.

Pero non devia a perder
ome que já o sen non á
de con sandece ren dizer,
e con sandece digu'eu já:

                      Os olhos verdes que eu vi
                      me fazen ora andar assi.


Paráfrase:

Amigos, não posso negar
a grande mágoa de amor que sinto,
pois me vejo como louco
e como louco é que digo:

                       Foram uns olhos verdes que eu vi
                       que me fizeram ficar assim.

Porém, quem quiser saber
como eram aqueles olhos,
da sua dona há de queixar-se;
eu, porém, vivo ou morto, hei de dizer:

                        Foram uns olhos verdes que eu vi
                        que me fizeram ficar assim.

Porém, já não devia sofrer
quem o próprio juízo perdeu
por dizer coisas insensatas
como eu, que ainda digo:

                          Foram uns olhos verdes que eu vi
                          que me fizeram ficar assim.


         Nota-se, portanto, que a paráfrase segue todos os estágios do pensamento original, não omitindo detalhes que lhe possam comprometer a fidedignidade. Aliás, nesse aspecto, ela difere do resumo, que se conserva fiel ao original somente no que diz respeito à essência das idéias. Como exemplo, um soneto do poeta parnasiano Raimundo Correia:

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N'alma e destrói cada ilusão que nasce;
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se perdesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja, agora
Nos causa, então, piedade nos causasse.

Quanta gente que ri talvez consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa.


Resumo:
Se tudo quanto nos faz sofrer intimamente se refletisse na expressão do rosto, se traduzisse em gestos ou atitudes, veríamos que muitas pessoas que hoje nos causam inveja nos despertariam compaixão, tanto é certo que para elas a única felicidade consiste apenas em parecer feliz.

          No próximo mês, daremos seqüência aos exercícios de aperfeiçoamento do vocabulário, tratando sobre a amplificação.
           Prezado (a) leitor (a), para você, um convite especial: receba as publicações mensais diretamente no seu e-mail. Basta digitar o e-mail no campo próprio deste blog ("seguir por e-mail") e submetê-lo. Pronto! Em breve, você lerá cada comentário mensal com toda a comodidade.
           Estimo a todos os internautas leitores uma feliz e santa Páscoa da Ressurreição. Até a próxima publicação! 

sábado, 15 de março de 2014

Ano IV - número 40 - março/2014: Sobre os tipos de vocabulário

O terceiro mês de 2014 inicia com os dias destinados às folias de Carnaval e com as instituições educacionais em breve período de recesso. Porém, logo após, as atividades recomeçam plenamente.
O (A) assíduo (a) leitor (a) deste blog de comentários, nesta publicação, conhecerá os quatro tipos de vocabulário.
Todas as pessoas que são possuidoras de um grau médio de cultura têm ao seu dispor quatro tipos de vocabulário. Já as pessoas incultas ou analfabetas têm, com certeza, apenas o primeiro tipo.
Para a realização da comunicação oral do dia-a-dia, utilizamos o vocabulário da linguagem coloquial, que é relativamente pequeno. Ele é composto, em sua maioria, de palavras possuidoras de teor concreto. Estas, ligadas a coisas ou a situações reais, fluem espontaneamente na fala e são geralmente aprendidas de ouvido.
O segundo tipo pertence ao grupo de palavras que utilizamos ocasionalmente na linguagem escrita: literária, técnico-científica e didática. As palavras do primeiro tipo, ou seja, da linguagem coloquial, também fazem parte de seu acervo, juntamente com outras raras.
O terceiro tipo abrange as palavras que pessoalmente não empregamos nem na língua literária nem na coloquial, mas cujo sentido é familiar para nós. O vocabulário de leitura nos auxilia a compreender com facilidade uma página impressa sem precisar recorrer ao dicionário.
O quarto tipo é o vocabulário de contato. Ele abrange uma quantidade muito grande de palavras ouvidas ou lidas em variadas situações. Entretanto, o significado preciso delas nos escapa. Na verdade, tais palavras são aquelas que conhecemos, porém não sabemos exatamente aquilo que significam. Portanto, nós as lemos ou ouvimos, contudo não as apreendemos. Dessa forma, é um vocabulário hipotético, insignificante e inútil, apesar de ser muito numeroso.
Concluindo, o primeiro e o segundo tipos formam o nosso vocabulário ativo, que é bem menor do que o passivo, formado pelos dois últimos. O ativo possibilita a expressão do nosso pensamento. Já o passivo se presta somente para a compreensão do pensamento alheio.
Caro (a) leitor (a), após a exposição dos tipos de vocabulário, damos início, ainda nesta publicação, aos exercícios práticos de aperfeiçoamento do vocabulário.
A paráfrase representa um exercício bastante proveitoso, sobretudo quando não se limita à substituição por sinônimos de palavras ou expressões de determinado trecho. A paráfrase verdadeira deve ser como que uma tradução dentro da própria língua.
O português arcaico pode auxiliar nesse tipo de exercício, já que exige certas noções de história da língua.
No próximo mês, daremos continuidade, ilustrando a paráfrase com um exemplo textual prático e abordando ainda sobre mais um exercício para aperfeiçoar o vocabulário. Até a próxima publicação!

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Ano IV - número 39 - fevereiro/2014: A necessidade de aprimoramento do vocabulário

         Caro (a) leitor (a), eis que desponta o segundo mês do ano e já se aproxima o começo das atividades dos educadores e estudantes nas instituições de ensino. Para o início de março, estão reservados os festejos carnavalescos e o breve e costumeiro período de recesso.
         Vamos dar início, nesta publicação, a um assunto de suma importância para diversas pessoas na atualidade. Entre elas, sobretudo, estudantes e profissionais dos mais variados níveis.
          Trata-se do vocabulário de nossa língua materna e da necessidade de seu aprimoramento. Aprimoramento este, que, diga-se de passagem, constitui um exercício que dura todo o tempo da existência, pois todos, contínua e ininterruptamente, conhecemos e aprendemos sempre mais novos vocábulos.
     Existem muitas maneiras de enriquecer o vocabulário. No entanto, a mais eficaz é aquela que possui por base a experiência, isto é, em uma real situação, como a conversa, a leitura ou a redação.
          O léxico se define como o conjunto total de palavras de uma língua. O léxico ativo é aquele que constitui todas as palavras em utilização no idioma.
             A conversa, principalmente com pessoas de nível lingüístico superior, com certeza, propicia uma experiência gratificante de substancial aumento e diversificação do vocabulário.
        A língua falada que é ouvida nos meios de comunicação também contribui para o enriquecimento do léxico ativo.
                Quem é amante da leitura de verdade, ou seja, é leitor de vários gêneros textuais, também experimenta a potencialização do vocabulário, tornando-se, gradativamente, um (a) devorador (a) de cultura.
           A leitura de verdade é aquela também que se efetiva, literalmente, de forma atenta, isto é, de lápis na mão para sublinhar as palavras desconhecidas. Depois de consultar o dicionário, deve-se anotar-lhes o significado para realizar o melhor processo de aprimoramento do vocabulário.
             Mas, para completar devidamente esse processo e dominar de fato o sentido das palavras, não se deve permanecer apenas na leitura. É necessário transformar as palavras em vocabulário ativo e, para isso, faz-se urgente empregá-las. Somente dessa forma, elas se incorporam realmente aos hábitos lingüísticos.
          Por isso, a redação é uma situação de grande proveito para quem nela se exercita, pois entra em contato direto com as múltiplas possibilidades da palavra. 
              A redação, portanto, reveste-se de uma singular importância sob as suas formas mais variadas: composição livre, paráfrase, interpretação escrita, resumo, tradução etc.
               No próximo mês, a continuação deste assunto. Leitor (a), você terá a oportunidade de conhecer os quatro tipos de vocabulário.
              Concluindo, a todos os envolvidos no processo educativo, um ótimo retorno aos trabalhos neste ano letivo de 2014!